Entre As Águas, de João Mariano – Inauguração no LAC, em Lagos, a 2 de março
02 de Março às 18h – 05 de Abril, 2024
Segunda-feira a sábado, das 10h às 18h
LAC – Laboratório de Actividades Criativas
Entrada Livre
“(…) … as histórias que contas com estas imagens parecem pertencer a um tempo cósmico que não se encaixa na vertigem do nosso tempo quotidiano e, por isso, nos ensinam que as espessuras da existência são largas e misteriosas. Ouvem-se as vozes ancestrais das ninfas de água, as náaides na fonte e as nereides no espaço marítimo, quando sensivelmente tacteias os rostos de desconhecidas divindades que vivem entre ramos, nascentes e pedras. É um livro pleno de poesia e intimidade que dialoga com a nossa condição humana.
(…)
Nestas imagens, ressoam duendes, ninfas e bruxas que emergem dos leitos escuros e pedregosos. A natureza é tanto um lugar de paz e de sonho púbere, como um lugar de brutalidade e de violência inóspita. Viajar na exploração deste trabalho é uma verdadeira luta corpo a corpo. Entre a vida e a morte caem todas as máscaras, todos os simulacros. A experiência destas abstrações concretas transformam natureza e humano num poema que escorre perene. A melancolia, o medo e a agressão juntam-se ao êxtase da descoberta, à pertença calorosa e aos sentimentos que se projectam nas ondas de luz escolhidas.”
Ricardo Bento
Fotógrafo e Investigador CICS.NOVA – Universidade Nova de Lisboa
“(…) Este é um projecto cuja ideia inicial vem dos primórdios da minha existência fotográfica e cuja primeira, e pouco consequente, abordagem foi feita ainda durante os tempos de estudante. Algumas fotografias feitas para uma das cadeiras do curso (…). Mas que por aí ficou, numa paciente latência, durante cerca de 30 anos. Depois de todo este tempo, e ao rever certas provas de contacto dessa época, tive realmente a percepção de que a ribeira que nasce na vertente noroeste do alto da Serra de Monchique, junto à Fóia, e desce sinuosa e ondulante até à Ponta Viva, na praia da Amoreira, em Aljezur, sempre foi, para mim, uma referência afectiva. (…) Percorri as suas margens e o seu leito vezes sem conta. (…) Inconscientemente, sem conseguir resistir ao seu “water appeal”! Agora, com este trabalho, perscrutei a sua alma, entrei profundamente no seu interior e conheci-a ainda mais a fundo. Este é o meu singular tributo a este ziguezagueante ser telúrico recheado de água, cascalho, areia e rochedos, mas também de intensas sensações, sugestionados cenários e eternas efemeridades. (…)”
João Mariano
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Mais info: https://lac.org.pt/exposicao-entre-as-aguas-de-joao-mariano/
Imagens da montagem @ LAC – Laboratório Actividades Criativas
(Ricardo Cruzes, A Pedro Correia, João Mariano – Fotografia)