Almada recebe “O Som é o Monumento”, de Kiluanji Kia Henda, a partir de 7 de junho

As antigas piscinas de São Paulo, em plena Almada Velha, recebem até novembro a exposição “O Som é o Monumento”, do artista angolano Kiluanji Kia Henda. Este projeto desenvolve-se a partir do Monumento aos Mortos da Grande Guerra, em Luanda — também conhecido como Maria da Fonte —, uma estátua erguida em 1937 e dinamitada em 1976, um ano após a independência de Angola, resultando na dispersão de grandes blocos de pedra esculpida, embora o pedestal original tenha permanecido intacto. A partir de imagens documentais dos fragmentos do monumento e dos soldados angolanos e cubanos que participaram na sua destruição, Kiluanji cria uma série de colagens digitais que dão origem a um conjunto de oito posters de bandas musicais fictícias, impressos em escala monumental. No centro da piscina principal está instalada a obra “O Som é o Monumento” — um plinto geométrico que reinterpreta a forma de um pedestal, transformando-o numa caixa acústica. Esta estrutura é utilizada para a difusão de um repertório de músicas angolanas, que constroem contranarrativas sonoras ao discurso colonial e imperialista, afirmando a música como veículo de memória, identidade e insurgência cultural. Através desta operação estética e simbólica, o artista ressignifica os escombros do passado como matéria de invenção e resistência, propondo uma reflexão crítica sobre novas formas de celebrar e reinscrever a memória no espaço público, onde o som — a música — assume o lugar de monumento.
A exposição fica patente de 7 de junho a 15 de novembro de 2025.
Rua Leonel Duarte Ferreira, 4, Almada | De quinta a sábado | Das 14h às 18h

Kiluanji Kia Henda (Luanda, 1979) é um artista multidisciplinar, que vive e trabalha em Luanda. A sua prática artística centra-se na arte como instrumento de transmissão e reconstrução histórica, recorrendo a diversos meios — como a fotografia, o vídeo, a performance, a instalação, a escultura-objeto, a música e o teatro de vanguarda — para criar narrativas ficcionais, que reconfiguram factos históricos em novas temporalidades e contextos de luta. Através do uso estratégico do humor e da ironia, o artista investiga temas como identidade, política, pós-independência e os paradigmas da modernidade em África. O seu trabalho estabelece um diálogo crítico com o legado histórico, explorando a apropriação e a manipulação de espaços e estruturas públicas como mecanismos de construção da memória coletiva. Kiluanji Kia Henda é também cofundador da KinoYetu, uma associação sediada em Luanda dedicada à promoção das artes, com especial ênfase no cinema. A organização visa a criação de plataformas sustentáveis para o desenvolvimento do pensamento crítico e da produção de conhecimento através do cinema e das artes visuais.


























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